sábado, 29 de maio de 2010

Possível casal de fumantes

Uma inquietação mortal na sala de aula, lágrimas vez ou outra rolava no meu rosto e me fazia arrepiar naquela sala fria de filosofia e ilustração. Além de tudo, sentia fome, além das outras fomes que esses tempos vêm visitando meus desejos com muita intensidade, fome de comida e uma vontade quase sórdida de comer um saco de ouro branco, como se fossem salvar minha vida, pelo menos durante 1 dia. Mas voltando a realidade - Chumbinho, a única solução.
Um enrolado de queijo com suco de cajá e uma balinha de canela pra depois do cigarro. Tudo fiado.
A fome devorou tudo em menos de 10 minutos, enquanto meus pézinhos dançavam tímidos o frenético eletro de uma festa de não-sei-o-que lá no ihac. Festa estranha com gente esquisita. Acho que era a galera de ciência e tecnologia, festa mais fora de contexto, só podia ser o pessoal de exatas.
Ah! Antes de Chumbinho eu estava descendo as escadas, já era o último lance antes de chegar no térreo, tinha um pessoal jogando dominó lá na mesinha na frente da escada e enquanto meus olhos identificavam esses detalhes eu lembrava da blusa de Tuco da grande família ontem que tinha escrito "De fora é minha" e pensando "Se eu fosse mais um pouquinho cara-de-pau eu pedia uma de fora, adoro dominó, acho que Deus me abençoaria com a felicidade de um lasquinê preso". E enquanto toda essa borbulhação na minha mente, o menino que tava jogando dominó parou o jogo e me deu uma piscadinha (!), eu verifiquei se era comigo, não tinha ninguém atrás de mim, mas foi tão surreal, parecendo mais uma cena de Amelie Poulain, que nem dei bola, só ri um sorriso de canto de boca, tão tímido quanto meu coração nessa época de isolamento-sabotagem.
Já depois da barriga cheia de massa com queijo duro e ketchup, fui procurar um lugar pra fumar um cigarro. No primeiro andar, não, o amigo de meu irmão tava lá, no segundo andar tinha muita gente e pela primeira vez em praticamente 1 ano de faculdade, visitei o terceiro andar.
O terceiro andar é diferente, mais vazio, mais alto, mais sério e mais saúde. Tinha uma cadeira logo na varandinha, de frente pra o canteiro de obras gigante, a biblioteca e o RU, me senti dona da UFBa e vendo minhas terras de cima, na casa grande, avistando a senzala.
Peguei o cigarro dentro da minha bolsinha, "ô, todo amassado o bichinho" e em seguida um medo angustiante do isqueiro não funcionar, isso seria sim a minha cara, uma ironia de Deus pra me fazer ou perder a vergonha e pedir um isqueiro ou ir até Chumbinho só pra alugar o isqueiro dele. Mas Deus me deu uma folguinha, depois de 10 tentativas, consegui acender o carlton.
Eu tava começando a mergulhar em meus sentimentos, em meus medos e no abismo temporal que tá me puxando, quando um jovem bonito vem fumar na varandinha. Ele primeiro estava a dois passos de mim, achei que ele estava esperando alguém sair da sala, mas aí depois sacou a carteira de cigarro e ficou em pé do meu lado numa estreita varanda da minha casa grande UFBa nas propriedades do meu feudo.
Aquilo me intrigou muito, cara.
Pensem na cena, eu sentadinha numa cadeira azul no terceiro andar do ihac no canto esquerdo de uma varanda bastante estreita e um moço em pé do meu lado encostado no ferro da balaustrada. Os dois fumando um cigarro e um silêncio constrangedor.
Nessa hora meus pensamento que eu penso que seja do formato de um cavalo selvagem alado, preparou o vôo para gastar muito naquilo.
Na verdade, primeiro eu fiquei pensando em mini-frases pra desenvolver uma conversa, mas pra mim, nada era conveniente, muito menos pareceria natural.
- Eles nunca vão terminar essa obra né?
- Você faz BI de saúde?
- O terceiro andar é esquisito né, só tem gente de saúde?
- Você daqui de cima parece que é dono da UFBa e que isso tudo é um feudo né?
- Esse pessoal né... faz festa quase toda sexta-feira.
Depois fiquei pensando porque ele também não poderia se esforçar pra esboçar algum tipo de diálogo. Porque? Ele simplesmente podia estar alí só pra fumar o cigarro nele, não tava afim de fazer novos amigos. Mas porque ele ficaria em pé do meu lado, sendo que tinha tantos outros modos dele fumar um cigarro naquele estranho terceiro andar? Aí eu assumi minha fase espiritual e deísta, então eu pensei: foi Deus.
E pensei, será que é isto a concretude do que eu escrevi no meu orkut sobre possibilidade de amor? Sim, eu poderia amar aquele rapaz.
Ele também podia me amar como jamais ninguém amou, sentir ciúme de mim, me arrebatar de paixão com uma noite inesquecível de sexo, eu podia apresentar ele pra minha família, a gente podia ir de mão dada ao cinema e eu finalmente mudar de opinião e achar o cinema um bom lugar pra namorar. Ele poderia gostar da minha mão suada, passar tardes comigo conversando sobre literatura e política. A gente podia casar, ter 3 filhas e morar no campo.
A gente podia parar de fumar juntos. Pra depois termos uma recaída deitados na cama, suados, na nossa lua de mel e lembrar como nos conhecemos, através do motivo de ir fumar um cigarro no terceiro andar do ihac.
O cigarro já estava acabando e eu não ia mais ter motivo pra estar alí. Acho que meu problema não é nem a timidez, mas não saber falar besteira e não ficar vermelha ou nunca achar que o que vou falar é legal.
Mas também se você for parar pra pensar, pode ser que ele tenha namorada, noiva, seja gay. E eu aqui brincando com meus pensamentos sem limites.
"Vou deixar minha bolsinha cair, pelo menos ele vai olhar meu decote nas costas"
"Eu sou muito idiota velho! Vou no banheiro"
"Será que ele vai passar aqui e olhar? Vou lavar minha mão e chupar o icekiss de canela"
"Vou pra aula, ele acabou o cigarro agora, tá olhando o celular, poxa..."
É, eu podia amar ele, mas fica pra próxima.


Entro na sala, olho meu professor "Hum... Eu podia amar ele também, sempre quis pegar um professor e ter um romance ardente escondido".
Além de tudo, mudo de idéia muito fácil.

Mas o amor está aí pra ser amado e as possibilidades para serem aproveitadas, se as pessoas não forem abestalhadas que nem eu:

“Há alguns dias, Deus – ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus – enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor.”


terça-feira, 25 de maio de 2010

Grude


As noites que não são contigo
eu não exatamente durmo
eu rolo.
Você não há.
Não há desenrolar de coxas,
lençois cor de rosa e entremeios.
Não há dobrar de joelhos
se não para rezar.
Então semeio
uma concórdia de lençóis
uma não solidão
de cafunés nos cangotes
uma não masturbação.
Adormeço
Você é o cheiro que ficou de nós
eu respiro pós dos sonhos
eu latejo
eu planejo
eu oro.
As noites que não são contigo,
eu não exatamente durmo,
eu enrolo.

25/05/2010
02:49 am

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A mulher séria, eu e o arco-íris

Nisso, eu estava no ônibus indo pro Campo Grande, a tarde era morna, o vento um pouco frio e a mulher sentada ao meu lado séria demais. De devaneio em devaneio que eu ia me entregando, reparei que no horizonte visto do rio vermelho via-se um arco-íris. Podem até desmentir, mas eu tenho certeza que ele era fluorescente. “Êta porra!”, pensei. Depois de o meu sorriso ter sido rejeitado pela mulher séria demais sentada ao meu lado, não pude me conter: “Olha o arco-íris!” falei antes de apontar para o mar que ficava a alguns metros da janela onde eu me encontrava. Nada. Voltei pro arco-íris, que ainda tenho certeza, era fluorescente, e de luminosidade cada vez mais forte. Lembrei-me da foto que a fotógrafa tiraria da rapaziada jogando bola na areia molhada que refletia aquela faixa de cor no céu. Essa daí riria, e se empolgaria comigo. Minha felicidade era tanta que, além de escapar pelo sorriso largo, me levou novamente a falar com a mulher, séria demais, ao meu lado: “Diga se não merece um sorriso?” disse eu, com o indicador indicando o arco colorido fluorescente que agora, de tão forte, a luz já começava a iluminar o interior do ônibus. Olhei para os meus braços e vi que reluziam todas as cores. Olhei a minha volta e tudo era púrpuro. Assim que a vontade apareceu, cedi: “Não tá vendo?” falei com a mulher, “Se tivesse sorrido da primeira vez estaria vendo o que eu to vendo”. E foi nesse momento da história que ela deu risada, e seguiu viagem olhando, ao longe, um tímido arco-íris.

domingo, 16 de maio de 2010

Me peguei cantarolando "Live Forever" do Oasis e achei essa parte a nossa cara:

Maybe you're the same as me
We see things they'll never see
You and I are gonna live forever

amo vocês!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

E essa tacinha? Quem se lembra?


DINHO:
Liguei pra Nath 8h20 da manhã do trabalho. Acordei ela. Dei bom dia e disse Eu te amo! Disse também que queria a máquina dela emprestada. Disse que ia passar na casa dela, pegar a máquina, fumar um e almoçar. Combinado. Estou aqui escrevendo esse post, almoçado, fumado e já to indo pro trabalho abastecido de Carltons.

NATH:
uhauhahuahuahuah (gargalhando) Dinho é sempre o melhor!!


PÓ:
Acordei e pensei em nath lá em casa. Chamei ela, mas aí ela me disse que Dinho acordou ela 8 da manhã dizendo que ia bater o rango lá. Melhor que Nath, só Nath e Dinho. Trouxe duas chouriças, queijo coalho e melaço. Nos demos conta que "Este ano é todo nosso" vendo as fotos nossas, dos meninos índigos.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Naqueles Dias...

Vou ficar naqueles dias
vou chorar sem ter porque
e mendigar euforica um carinho
Sensivel eu bem que já sou
Amanhã vou explodir!

Vou ficar naqueles dias
em que cada verso teu
vai me irritar...
e que qualquer denguinho
vai me deixar meio
sua...

Naqueles dias...
de dor...
e excesso de amor

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Curta Metragem Ópera do Mallandro !

Quero muito que vcs assistam isso!!!!